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24 de novembro de 2011

Valéria

Querida Valéria,
Não cheiras em mim
Um cão sujo e infiel
Que se empoleira
Nas tuas pernas?

És um ridículo doce
Diabetes com ancas
Fazes com que arqueje
O corpo escanzelado
Contra o chão de mármore

Passo a língua ao pêlo
Espio-te os defeitos
Para os uivar, mergulhado
Na tua pequena abertura
Grilhão sensível a dentadas

Mas como podes não ver
O risco do meu esgar
Sorridente e malicioso
Como podes pedir
Que te sinta falta?

És inocente, Valéria
Uma ternura desnuda
Suada mulher de fel
Que me arde na garganta
Que me beija maliciosamente

21 de novembro de 2011

Soledade

Sei-me forjado de uma outra liga
De um aço feito solitário
Formei-me numa multiplicação por zero

O único ser que habita uma rua chuvosa
A única conversa num fio de fumo
É a minha mordida no filtro
Que te espanta e que amas

Ris-te como quem magoa
Com um silvo de faca errante
Brilhas ao aquém do infinito

Geme o vento, alucinado em drogas
Uiva o meu corpo em mágoas
E esta linha de pensamento
Que me assombra e corrompe
Jura-me que um dia morre

E diz-me, ludibriante:
- São todas tuas putas,
Mas as velhacas vêm-se
Lambendo-te as feridas
Esmagando as delas
Contra as saias

Fico enfezado sentado no chão
A chupar o veneno às soldaduras
Chapa mole em capas duras
Reza que far-me-ei homem
Louca, frígida, bela
Conjura que amarei mulher
Sóbrio, sozinho, confuso

Lágrimas Sonoras