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27 de setembro de 2011

Casamento

Quero partir-te os joelhos
Para que não mais fujas do lar
Cortar um dos teus dedos e
Levá-lo comigo a todo o lado
Fazer um reluzente cinzeiro
De uma das tuas mãos
Agrafar-te os lábios em posição
De um eterno beijinho
Arrancar-te a pele e mandar
Emoldurar a dourado
Roer-te as orelhas para que
Nunca me deixes de ouvir

Quero que tomes chá comigo
Principescamente sentada
Numa cadeira de rodas
Empurrar-te-ei pelas melhores lojas
Quero os teus dentes
Como munição de arma secular
Para disparar contra os teus sonhos

Se pudesse devorar todos os teus sentidos, fá-lo-ia
Se quisesse mascarar todos os teus defeitos, fá-lo-ia
Mas quero-te consumir crua
Comer a besta que és

É contigo que quero casar

9 de setembro de 2011

Comprimido

Sou um comprimido que me corrói o estômago
Uma beata de cigarro na minha pele
Um desespero que me aperta o âmago
Um grito à espera que o peito degele

Sou um espinho cravado no meu olho
Uma droga que me consome o ser
A minha comichão, o meu piolho
Uma maldição que amo, dê por onde der

Sou de longe o pior dos meus males
Tão perto, demasiado para ver
Que nem que me apunhales
Eu vou sempre te querer

6 de setembro de 2011

Discurso em branco

O ar enche-se de sons
Em desespero, disparo
Cartuchos vaziíssimos
Palavras brancas para ti
Desajustado discurso
Que com a alvorada
É salpicado de espírito

Língua de trapos
Coberta de aftas
Escoriações decoradas
A asfalto e vergonha
Reconheces o fedor?

Bebe, criança minha
Diz que destrava
Faz malvadezas
Corrói o coração
A outrem que não tu

Desdigo as mentiras
Que ouves por prazer
Encostada à jukebox
Dou-te as ciências
As doutrinas e divindades
Tudo para não te dar
Aquilo que queres ver
Em mim, que sou eu

3 de setembro de 2011

Perfume


Cheiras tão mal
A loucura e doenças
Uma fragrância decadente
Rasgada a ferros ferrugentos
Do teu corpinho sardento
Pedacinho de céu asqueroso
Um perfume de puta
Que este cão não pode
Deixar de querer lamber
Limpar-te os poros
E conservar a saliva
Em banha ou etanol
Mergulhar o nariz adunco
Sempre que te querer
Recordar o medo que te tenho
Rosnar o orgasmo até ao fim
Sonhar que te arranco bocadinhos
Que fedor nauseabundo
Domina toda a minha cabeça
Prende a minha genitália
Com pregos ao chão
Banho-me nesse aroma
Como um porco rebola
Na sua própria merda
Dar de bom grado um braço
Para te escutar a roncar
O meu nome, o meu nome

Lágrimas Sonoras